quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Conquista no Feminino #1

Bom dia!
Espero que tenham tido um São Martinho, onde o cheiro da castanha assada tenha sido a maior lembrança do vosso dia. Aqui por casa ainda o é porque aconteceu um acidente pequenino (mea culpa) e deixei estorricar a primeira fornada de castanhas. Foi de tal forma que hoje de amanhã toda a casa cheira a castanhas... queimadas.
Mas este post é sobre algo muito mais importante do que a minha aselhice.



Este post é sobre a Primeira professora com Síndrome de Down do Brasil. Mas mais! A Primeira professora com Síndrome de Down recebeu o prémio Darcy Ribeiro de Educaçao 2015, que é entregue anualmente no Brasil, a três figuras importantes da área da educação. Débora Seabra tem 34 anos e apoia a inclusão de pessoas com Trissomia 21 no ensino regular para que, tal como ela, tenham acesso a oportunidades que ela enquanto aluna nestas escolas teve.
Débora para além da sua ocupação como professora, lançou o livro "Débora conta História" de apoio à diferença e faz palestras em diversos países - Portugal incluído - para acabar com o preconceito.

Esta, meus amigos, é a primeira história que escolhi para enquadrar a nova rubrica aqui do blog "Conquista no Feminino", não apenas porque a Débora tem Síndrome de Down, mas porque o tema é-me particularmente querido. A minha mãe tem uma irmã com Trissomia 21 e embora o mais correto fosse dizer: "eu tenho uma tia com Trissomia 21", a verdade é que ela é chamada pelos sobrinhos todos (e somos imensos!) apenas por Dulce. Não sei o porquê, não sei se é hábito de todos, se é porque ela quando éramos pequenos dizia que era a Dulce. Sei que todos gostam dela (às vezes de uma maneira para mim difícil de compreender) e que ela é a NOSSA Dulce.
A Dulce, contrariamente à Débora e devido a várias razões, não tem qualquer instrução. Não sabe ler nem sabe escrever. Andou numa escolinha para aprender "a cuidar da casa" e durante anos, desempenhou essa tarefa com o maior orgulho pessoal. Apega-se imenso às pessoas e devido a isso adorava cuidar dos sobrinhos pequeninos - não faço parte do rol dos sortudos, mas dei os meus primeiros passos porque no Natal quando nos visitou, começou a chamar por mim e eu larguei a bancada e fui ter com ela. Não há pessoa na minha enorme família que não tenha uma destas histórias para contar acerca da Dulce. Mas ela, ao contrário da Débora, sempre foi considerada como alguém que precisa de um responsável. Sempre precisou de alguém a quem chamar tutor ou simplesmente saber que a mãe estava sempre lá para ela. Muitas vezes, ela disse que ia casar como as irmãs todas, mas hoje sabemos que ela sem a mãe iria sofrer imenso.

Cada vez que vejo histórias de portadores de Síndrome de Down que venceram em alguma coisa na vida tenho orgulho. Não que não tenha orgulho por a minha Dulce não fazer parte do rol de medalhados e premiados e homenageados, mas porque tenho noção de algumas dificuldades porque eles passam e sei que muitas vezes são olhados por desconhecidos como pessoas que devem manter-se afastadas da população dita "normal" quando o que deviam perceber é que os "anormais" são aqueles que pensam assim. Acho bem terem os seus direitos resguardados na sociedade, mas acho que todos os cidadãos deste mundo devem ter sempre os seus direitos resguardados na sociedade.

Para os interessados, consultem os sites da Associação de Portadores de Trissomia 21 que têm todo um rol de actividades de apoio e até a nível de saúde vos direcciona para médicos que lidam frequentemente com os portadores de Síndrome de Down; e o site dos Pais e Amigos 21, do qual confesso não tenho nenhum conhecimento para além do site em si. Carreguem nas imagens para serem direccionados para os sites.



Créditos: Fotos retiradas da internet.

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